A campanha do ex-presidente Lula (PT) estuda escalar pastores e padres para combater fakenews, divulgadas por bolsonaristas em redes sociais, de que, se eleito, o petista vai fechar igrejas. A avaliação nos últimos dias dentro do QG lulista é de que é preciso ter “sangue frio” para evitar cair na ‘armadilha de 2018″. Ou seja, deixar a campanha ser pautada por agenda de costumes e temas religiosos.
Na avaliação de coordenadores da campanha, quando Jair Bolsonaro (PL) puxa para essa pauta, ele leva o debate para o seu campo – e cria espaço para crescer nas pesquisas. Não à toa, o presidente tem usado a imagem da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para angariar votos entre mulheres evangélicas.
Michelle é uma liderança importante no meio evangélico e, nos bastidores, petistas admitem que diferentemente de Bolsonaro, Michelle tem uma interlocução e pode convencer segmentos evangélicos que não querem votar em Bolsonaro a aderir ao candidato. Por isso, a ordem no QG lulista é não bater de frente com Michelle – e, sim, focar nos eleitores que têm “medo” de uma reeleição de Bolsonaro. Para saber exatamente o que assusta religiosos, a campanha de Lula vai testar sentimentos de possíveis eleitores – entre eles, evangélicos.
A ordem na campanha é manter o debate central na economia e, sempre que reagir à questão religiosa, usar a estratégia positiva. Ou seja: lembrar que foi Lula quem sancionou a lei da liberdade religiosa em 2003 e, também, reconheceu em lei a marcha para Jesus, sancionada em 2009. Desde o começo da semana, peças publicitárias com esse mote estão circulando nas redes sociais de Lula numa ofensiva para enfrentar fakenews sobre as igrejas.
Em outra frente, petistas consultam pastores para organizar a melhor estratégia para que os religiosos falem a respeito do tratamento de Lula a igrejas – e assumam a liderança do debate, até para blindar Lula e evitar que a campanha seja arrastada para a pauta proposta pelo bolsonarismo na campanha presidencial. Dentro da estratégia de blindar Lula de desgastes sobre o tema, petistas também são contra escalar Janja, mulher do ex-presidente, para fazer confronto com a primeira-dama. A ideia que prevalece, hoje, no QG lulista é deixar o debate religioso para religiosos – e focar na economia e saúde para cobrar o governo sobre desemprego, inflação e pandemia.
Por Andréia Sadi Apresentadora do Estúdio I, na Globonews, comentarista de política da CBN e escrevo sobre os bastidores da política no g1
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